Páginas da história: Eichmann
Maio na história de Israel não é apenas sobre independência e memória. É também um lembrete de justiça, que, embora possa não ser imediata, alcança seus objetivos. Em maio, ocorreram eventos-chave relacionados ao caso de Adolf Eichmann — o homem que personificou o “crime por instrução” e se tornou um símbolo da responsabilidade pessoal pelo genocídio.

11 de maio de 1960, no subúrbio de Buenos Aires, a operação argentina do Mossad alcançou seu objetivo: Adolf Eichmann foi capturado — ex-Obersturmbannführer das SS, responsável pela logística de deportação de milhões de judeus para campos de morte. Ele vivia sob um nome falso, mas a justiça o encontrou 15 anos após o fim da guerra.
21 de maio de 1960, Eichmann foi secretamente levado para Israel em um voo especial da El Al. Israel assumiu a tarefa histórica e moral de julgar um dos principais organizadores do Holocausto. Não foi um ato de vingança, mas um ato de memória e responsabilidade.
O julgamento começou em 11 de abril de 1961 em Jerusalém. No banco dos réus estava não apenas um criminoso, mas um burocrata do genocídio — uma pessoa que não puxou o gatilho, mas organizou o sistema de destruição. Durante as audiências, foram ouvidos depoimentos de 112 testemunhas, e milhares de páginas de documentos foram lidos. Milhões de pessoas em Israel e ao redor do mundo acompanharam o processo, que pela primeira vez deu voz às vítimas do mundo — não como estatística, mas como dor humana viva.
Em 15 de dezembro de 1961, Eichmann foi considerado culpado de todas as acusações, incluindo crimes contra a humanidade, crimes contra o povo judeu e crimes de guerra.
Após a rejeição de um recurso e a negação de clemência, na noite de 31 de maio a 1 de junho de 1962, Adolf Eichmann foi executado. Suas cinzas foram espalhadas fora das águas territoriais de Israel — para que nem mesmo na morte ele tivesse um monumento.
O processo de Eichmann foi um ponto de virada na compreensão do Holocausto. Trouxe o tema do Holocausto de volta ao centro das atenções públicas. Israel, ainda jovem e vulnerável, mostrou que está pronto para ser não apenas um refúgio, mas também uma voz da justiça.
A justiça pode ser adiada. Mas não é esquecida.