Marcha dos Vivos: três quilômetros de memória e força
Autora: Marina Rozenberg Koritny, Chefe do Departamento de Incentivo para Aliá da Organização Sionista Mundial.

Três quilômetros entre Auschwitz e Birkenau. O caminho que uma vez foi percorrido pelos condenados, e hoje – por aqueles que vieram preservar a memória deles. No Yom HaShoah — Dia da Catástrofe e do Heroísmo — oito mil pessoas de todo o mundo se reuniram na Polônia para participar da “Marcha dos Vivos” anual e seguir os passos de uma das páginas mais terríveis da história da humanidade.
Este ano, a delegação da Organização Sionista Mundial foi particularmente significativa. Entre os duzentos participantes estavam sobreviventes do Holocausto, reféns libertados do cativeiro do HAMAS, famílias dos assassinados em 7 de outubro, soldados feridos em combates com terroristas. A delegação foi liderada pelo presidente da OSM, Yaakov Hagoel.
A marcha começou nos portões do antigo campo de concentração de Auschwitz com a inscrição “Arbeit macht frei” — “O trabalho liberta”, e terminou no Memorial às vítimas do campo — entre as ruínas das maiores câmaras de gás e crematórios. À frente da procissão estavam os presidentes de Israel e da Polônia — Isaac Herzog e Andrzej Duda.
A delegação da OSM iniciou seu percurso de memória em Varsóvia, homenageando a memória dos heróis do levante do gueto de 1943. Em seguida — Lublin e o antigo campo de concentração de Majdanek. Aqui, apesar das tentativas dos nazistas de destruir as evidências dos crimes, permanecem testemunhos dos assassinatos em massa: câmaras de gás, crematórios, cinzas e ossos, milhares de pares de sapatos.
Depois foi Cracóvia. Antes da guerra, cerca de 80 mil judeus viviam na cidade, representando aproximadamente um quarto da população. Os nazistas criaram um gueto, onde milhares enfrentaram fome, terror e deportações para campos de morte. A Praça dos Heróis do Gueto com o memorial “Cadeiras Vazias” e os restos da parede do gueto preservam a memória da tragédia.
O ponto final foi Auschwitz. Aqui, os nazistas mataram 1,1 milhão de pessoas, das quais cerca de um milhão eram judeus de toda a Europa, além de ciganos, poloneses, russos. Em 27 de janeiro de 1945, o campo foi libertado pelo Exército Soviético. Os soldados do 106º Corpo de Fuzileiros sob o comando do major Anatoly Shapiro desminaram as abordagens e abriram os portões de Auschwitz I, inscrevendo seu feito na história.
“Ler sobre isso em um livro ou ver em um filme é uma coisa. Mas estar diante do arame farpado, dos barracões e das câmaras de gás é completamente diferente”, — compartilhou uma das participantes da marcha.
Nos últimos anos, ouvem-se cada vez mais vozes: “Chega de se apegar ao seu Holocausto”, “Parem de se fazer de vítimas eternas”. Mas em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do HAMAS mataram 1182 pessoas e uma onda de antissemitismo varreu as ruas, campi e até tribunas da ONU, ficou claro: a memória não é sobre piedade. É sobre força.
Para mim, esses três quilômetros não foram apenas uma marcha, mas um juramento — de lembrar, ser forte e defender o direito à vida. E uma promessa: ajudar cada judeu a retornar a Israel — nosso único lar. Lá, onde somos livres.