Refugiados judeus dos países árabes: um patrimônio perdido de $263 bilhões
As comunidades judaicas do Oriente Médio e Norte da África, que existiram por mais de dois mil anos, praticamente desapareceram no século XX. Casas, sinagogas, escolas, negócios — tudo o que foi criado por gerações ficou para trás. De acordo com um novo relatório da organização internacional Justice for Jews from Arab Countries (JJAC), o valor total dos bens perdidos por refugiados judeus de países árabes e do Irã ultrapassa US$ 263 bilhões até 2024. Este número não é apenas uma estatística, mas um testemunho da escala das perdas sofridas por centenas de milhares de pessoas forçadas a deixar suas casas.

Comunidades Desaparecidas
Em 1948, cerca de 956 mil judeus viviam em países árabes e no Irã. Hoje, restam menos de 13 mil — 99% foram forçados a partir. A maioria encontrou um novo lar em Israel, enquanto outros se estabeleceram na Europa e América do Norte. As razões para a partida incluem discriminação, pogroms, confisco de propriedades e expulsões diretas. Até a década de 1970, as comunidades judaicas em países como Iraque, Síria, Líbia e Iêmen praticamente deixaram de existir.
O relatório da JJAC abrange 11 países: Aden/Iêmen, Argélia, Egito, Irã, Iraque, Líbano, Líbia, Marrocos, Síria e Tunísia. Para Egito, Síria, Irã e Iraque, os pesquisadores calcularam detalhadamente as perdas: propriedades residenciais e comerciais, negócios, bens pessoais, bem como propriedades comunitárias — sinagogas, escolas, hospitais e cemitérios. Para os outros países, estimativas conservadoras foram aplicadas. As maiores perdas foram registradas no Irã (US$ 61,49 bilhões), Egito (US$ 59,82 bilhões), Iraque (US$ 34,24 bilhões) e Síria (US$ 10,69 bilhões).
Não Sobre Compensação, Mas Sobre Verdade
A organização JJAC enfatiza: o objetivo do relatório não é apresentar uma conta, mas alcançar o reconhecimento. Os refugiados judeus de países árabes são o segundo grupo, frequentemente esquecido, de refugiados do Oriente Médio, juntamente com os palestinos. Os autores apelam para uma conversa honesta sobre o destino de todos aqueles que sofreram nos conflitos da região. O reconhecimento das perdas das comunidades judaicas é um passo em direção à justiça e reconciliação, especialmente à luz dos recentes processos de normalização das relações entre Israel e vários países árabes.
Por Que Isso é Importante
A história dos refugiados judeus não é apenas sobre números, mas sobre os destinos das pessoas cujas vidas foram viradas de cabeça para baixo. É uma história sobre famílias que deixaram tudo para começar de novo. Para os repatriados em Israel, este tema é particularmente próximo: muitos deles ou seus antepassados passaram por essa diáspora. O reconhecimento de suas perdas é parte do caminho para restaurar a justiça histórica e preservar a memória.
Comentário de Marina Rozenberg Koritny, chefe do Departamento de Incentivo para Aliá da OSM: “A história dos refugiados judeus de países árabes é parte de nossa memória coletiva. Muitos repatriados em Israel carregam essa história, seja através das histórias de seus pais ou de sua própria experiência. O relatório da JJAC nos lembra da importância de falar abertamente sobre o passado, para construir um futuro baseado na verdade e compreensão mútua. Estamos orgulhosos de que Israel tenha se tornado um lar para aqueles que perderam tudo e continuamos a apoiar os repatriados em sua integração e preservação do patrimônio cultural”.